sexta-feira, 6 de março de 2015



    8 de março                                                    





                Ao comemorarmos mais um dia internacional da mulher, perpassam, na nossa memória, alguns nomes de mulheres de várias gerações, portuguesas e estrangeiras, que se destacaram pelo seu espírito de liderança e tenacidade, pela defesa dos direitos das mulheres, pela divulgação da cultura, na luta pela liberdade, e em diversas outras áreas.
 Há muitas outras, anónimas, que sofrem e lutam no seu quotidiano pela sobrevivência. E são todas essas mulheres, que percorrem um caminho árduo e difícil, as destinatárias, neste dia a elas dedicado, da nossa singela homenagem, através de dois poemas, um inédito, escrito por uma mulher a quem a vida tem exigido um fôlego acrescido, e outro bem nosso conhecido.

Ana Alves

Mulher
Mulher deusa e escrava,

Semente de dor e de amor.

Sons melódicos

De fim de tarde,

Indolentes de cansaço,

gritos  guerreiros,

Quando dos seus se trata.

Dela se esquece

E aos outros se engrandece

Imprescindível estrela

Nas noites escuras

Deste caminho……

M. Vilas Boas


Calçada de Carriche

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada. 


Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.


Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada. 
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada


. Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,;
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga
. Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão, in Poesias Completas

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dia Internacional da Língua Materna



Com a aquisição e aperfeiçoamento da Língua Materna, o indivíduo perceciona a realidade que o rodeia, comunica com os outros, toma consciência de si mesmo, estrutura a sua personalidade, organiza o seu pensamento, acede ao conhecimento, integra-se e participa na sociedade.
A expressão Língua Materna remete-nos para a relação uterina, o cordão umbilical que une o indivíduo à sua língua, que é para ele objeto de afetividade. A língua é a nossa mãe, o nosso lugar de origem. É também «a nossa Pátria», conforme diz Fernando Pessoa.
Amemos e fruamos a nossa língua materna!

        E é com este hino à Língua Portuguesa que comemoramos este dia tão especial.

    (… ) «Floresça, fale, cante, ouça-se e viva
             A portuguesa língua, e já, onde for,
             Senhora vá de si, soberba e altiva» (…)
                                   
                                    António Ferreira


A Coordenadora Ana Alves

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dia 27 de janeiro – Dia Internacional de Comemoração das Vítimas do Holocausto 



 Helga Weiss, sobrevivente de Theresienst, Auschwitz e outros campos de concentração nazi, hoje com 85 anos de idade, afirma na sua obra «O Diário de Helga»:

 “ Eu posso ter sobrevivido ao campo de extermínio, mas seus cheiros, sons e horrores nunca vão me deixar. A dor não vai embora”. 

 Como se sabe, apesar das condições adversas, houve uma grande produção artística nos campos de concentração. 
 O músico Ilse Weber, prisioneiro em Theresienstadt, legou-nos a seguinte composição musical, pungente e triste: 

 Ich Wandre Durch Theresienst

 Ich wandre durch Theresienstadt,
 Eu caminho por Terezín, 
das Herz so schwer wie Blei. 
o coração pesado como chumbo.
 Bis jäh mein Weg ein Ende hat
 De repente meu caminho tem um fim
 dort knapp an der Bastei.
 lá próximo ao bastião.
 Dort bleib ich auf der Brücke stehn
 Lá fico parado sobre a ponte 
und schau ins Tal hinaus:
 e vejo pelo vale afora: 
Ich möcht so gerne weitergehn,
 Eu queria tanto seguir em frente,
 ich möcht so gern nach Haus.
 Eu queria tanto ir para casa.




 E dado que se comemora, este ano, setenta anos do fim da II Guerra Mundial, a partilha das fortes emoções sentidas, naquele dia, por todos quantos viveram e sofreram nos campos de concentração nazis, contribua para uma consciencialização da importância da Tolerância, da Paz e da Liberdade.

 (…) «Mauthausen capitulou, a paz chegou até nós. «Paz», repito para mim mesma, e todos os nervos do meu corpo tremem sob esta palavra como uma corda. (…) A minha mãe levanta-se – onde é que ela foi buscar as forças, de repente? - , penduro-me no seu pescoço e, entre beijos, derramo, rejubilante, a palavra com que sonhamos há anos. A palavra que só nos permitíamos dizer no canto mais secreto do nosso ser e que temíamos pronunciar em voz alta. Aquela palavra sagrada que contém tantas coisas belas, inacreditáveis: livre- arbítrio, liberdade. O fim da tirania, da miséria, da escravidão, da fome. Hoje posso pronunciá-la em público, sem tremer; hoje, tornou-se realidade.»


 In « O diário de Helga», Weiss, Helga

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

  Este blogue tem como objetivo divulgar regularmente as atividades resultantes da implementação do projeto “ À Descoberta do Outro…”, e aquelas que  se realizam no âmbito do Sistema de Escolas Associadas da Unesco.





Dia Internacional da Paz








O Dia Internacional da Paz, declarado por Kofi Annan, em 1981, como um dia de trégua e de cessar- fogo, comemora-se, desde então, a 21 de setembro.
Assiste-se, atualmente, ao proliferar de conflitos armados e tensões em várias partes do globo, como é o caso da Ucrânia, cuja crise já desalojou 260 mil pessoas e onde o número de mortos chega a três mil; da Síria, que provocou já a morte a mais de 100 mil pessoas, do Iraque, da Faixa de Gaza, do Mali, do Sudão, entre outras.
Verifica-se um denominador comum a toda esta violência: o desprezo pela vida humana!
A paz é um bem precioso. É preciso não só criá-la, mas também lutar por ela no nosso dia a dia com pequenos gestos e atitudes: ser tolerantes, respeitar o outro com as suas qualidades e defeitos, aceitar a diferença, dialogar para resolver as discordâncias.
Mas a paz não é só ausência de guerra ou de conflitos. Para haver paz é preciso haver justiça social, liberdade, pois um cidadão ou um povo oprimido não vive em paz.
Que a leitura de dois poemas de duas grandes figuras das nossas letras possa servir de reflexão e de uma maior consciencialização de todos para a importância da PAZ, um bem almejado por toda a Humanidade!



A Coordenadora: Ana Alves



A Paz sem Vencedor e sem Vencidos 


Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dual'




Ode à Paz 



Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,


Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exatidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
             deixa passar a Vida!


Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"


À Descoberta do Outro...


No decurso do primeiro período, os alunos do Agrupamento encetaram laços de amizade com os colegas cabo-verdianos da Escola Secundária Constantino Semedo, através do envio de cartas.
Aderiram, entusiasticamente, a esta iniciativa vinte e três turmas do 5º ao 10º ano de escolaridade, sendo treze da Escola Irene Lisboa e dez da Secundária Carolina Michaëlis.
Para presentear os seus novos amigos, os alunos deram largas à imaginação, e elaboraram postais de Natal e marcadores de livros alusivos ao tema da Amizade.

Para consultar alguns destes trabalhos carregue na imagem abaixo apresentada.




Um olhar sobre a cidade do Porto

Porto, Baluarte da Liberdade, Capital do Trabalho, Invicta e Leal Cidade, Património da Humanidade, Capital da Cultura, são apenas alguns títulos de que se orgulham todos os portuenses e que, por certo, serão, posteriormente, objeto de abordagem por parte dos alunos.
Entretanto, a turma do 12º TGP recolheu imagens dos locais e monumentos mais emblemáticos da nossa cidade a fim de os dar a conhecer aos seus amigos da Escola Secundária Constantino Semedo.




Exposição

No final do primeiro período, organizou-se uma exposição, nas Escolas Irene Lisboa e Carolina Michaëlis, com uma mostra das atividades desenvolvidas pelos alunos, no âmbito do intercâmbio cultural estabelecido com Cabo- Verde.