quarta-feira, 16 de setembro de 2015

MENSAGEM DA DIRETORA GERAL DA UNESCO POR OCASIÃO DO DIA INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO


8 DE SETEMBRO


Todos os anos, no dia 8 de setembro, erguemos a bandeira da alfabetização como um direito humano, uma força para a dignidade humana e como uma base para sociedades coesas e para o desenvolvimento sustentável.
Esta mensagem é especialmente vital este ano, quando os Estados irão adotar uma nova agenda para a educação e desenvolvimento para guiar os próximos 15 anos. Promover a alfabetização deve permanecer no centro desta nova agenda. Ao capacitar os homens e as mulheres, a alfabetização ajuda no avanço para um desenvolvimento sustentável, para a melhoria dos cuidados de saúde e segurança alimentar, para a erradicação da pobreza e promoção do trabalho digno.
Tem havido progresso em todo o mundo desde o ano 2000, mas ainda permanecem desafios enormes. Hoje, a 757 milhões de adultos ainda faltam competências básicas de alfabetização - dois terços são mulheres. O número de crianças e de adolescentes fora da escola está em ascensão - 124 milhões em todo o mundo, enquanto a 250 milhões de crianças do ensino primário, estão a falhar as competências de alfabetização básica.
Nós não podemos permitir que esta situação continue. A alfabetização é essencial para atingir a meta de desenvolvimento sustentável proposto para promover uma "educação inclusiva e equitativa de qualidade e uma aprendizagem ao longo da vida para todos."
Esta é a mensagem da UNESCO no Dia Internacional da Alfabetização. Para permitir que todos os homens e mulheres participem plenamente nas suas sociedades, precisamos de maior investimento e de políticas mais eficazes para incorporar a ação para alfabetização dentro de políticas de desenvolvimento mais amplas, apoiadas por mecanismos inovadores que gerem sinergias positivas através de todas as áreas da política que são vitais para construir sociedades mais justas e coesas. Isto é essencial para todos os esforços, para construir um futuro melhor para todos, com base nos direitos humanos e na dignidade humana.


Irina Bokova

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

DIA INTERNACIONAL DA JUVENTUDE - 12 DE AGOSTO
MENSAGEM DA DIRETORA GERAL DA UNESCO



O Dia internacional da juventude é uma oportunidade para celebrar a força criativa e o ímpeto inovador que os jovens trazem para cada sociedade.

O tema deste ano – "Participação cívica da juventude" – enfatiza o papel desempenhado pela participação e inclusão dos jovens na construção da coesão social e bem-estar coletivo. De empreendedores sociais a jornalistas, de trabalhadores voluntários a membros de organizações comunitárias, os jovens contribuem para moldar a sociedade e conduzi-la no sentido de renovação política, cultural e económica.

Temos de apoiar sua participação cívica em todos os níveis, começando por reconhecer que os jovens formam um grupo social separado com características específicas e expectativas. O envolvimento cívico é uma forma de explorar este potencial para enriquecer ainda mais a sociedade, os direitos humanos e permitir que as condições de vida melhorem para todos.

Esses objetivos estão no centro dos projetos da UNESCO, para oferecer aos jovens, o espaço e as competências que precisam desenvolver, e que se reflete em todas as sociedades.

Esse é o espírito do projeto da UNESCO para reforçar as redes da juventude no Mediterrâneo. Os jovens devem ser considerados os condutores da mudança e não só os beneficiários ou alvos. Isso envolve reforçar os intercâmbios e a cooperação entre as gerações, para garantir que os jovens estão realmente envolvidos no desenvolvimento das políticas que lhes são destinadas. O 9º Fórum da juventude da UNESCO, a realizar em outubro, irá fornecer uma plataforma única para transmitir esta mensagem, e convido os jovens de todo o mundo a participar e fazer ouvir a sua voz, para moldar a ação dos líderes mundiais. Estas vozes carregam a esperança de metade do planeta, para um futuro sustentável para todos.

                                                                                                                   Irina Bokova

sexta-feira, 26 de junho de 2015


                                           
“ À Descoberta do Outro”

   No terceiro período, algumas turmas do 6º e 9º anos do Agrupamento realizaram trabalhos subordinados ao tema «O Património da cidade do Porto», no âmbito da disciplina de Educação Visual.
    Deu-se também continuidade aos percursos na Cidade Invicta, da responsabilidade da disciplina de Geografia, e à poesia cabo-verdiana, esta última abordada nos diversos anos do 3º ciclo e no Secundário.
   O tema da alimentação, conteúdo programático da disciplina de Ciências Naturais do 9º ano, foi também objeto de pesquisa e de trabalho de pares por parte dos alunos de quatro turmas da Escola Irene Lisboa, tendo sido dada especial atenção aos pratos tradicionais do Porto e de Cabo Verde. Como forma de promover a interdisciplinaridade, também foi construída a Roda dos Alimentos e trabalhadas as ervas aromáticas, no âmbito da disciplina de Educação Tecnológica, pelos alunos do 7º ano.
   No âmbito da disciplina de Matemática, foi proposto aos alunos do 6º e 8º anos a realização de um trabalho subordinado ao tema “ O Porto e as Isometrias”.
   A tradicional festa de S. João foi abordada, também, em algumas turmas do 2º e 3º ciclos, em Educação Tecnológica e Educação para a Cidadania, respetivamente.
   Como habitualmente, os trabalhos estiveram patentes em exposição.

   Partilhamos alguns convosco para que os possam apreciar.









segunda-feira, 4 de maio de 2015



Encontro Nacional da rede de Escolas Associadas da UNESCO

Nos dias 18 e 19 de abril, decorreu, em Coimbra, na Escola Secundária D. Duarte, o 14º Encontro Nacional da Rede de Escolas Associadas da Unesco que contou com a presença de representantes de dezassete escolas do Continente, uma da Madeira e outra dos Açores, duas escolas secundárias de Cabo Verde, dois centros de formação de professores, assim como representantes da Comissão Nacional da Unesco, a Secretária Executiva da Rede SEA de Cabo Verde e a respetiva Coordenadora, e a representante da Comissão Nacional de Angola para a UNESCO.
 A receção dos participantes foi da responsabilidade de um grupo de alunos do Curso Profissional de Animação Cultural daquele estabelecimento de ensino.
Após a sessão de abertura e dadas as boas-vindas, efetuou-se, sob orientação do Professor Doutor Francisco Pato Macedo, uma visita guiada com palestra ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, inserida na celebração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, subordinada ao tema “Conhecer, Explorar, Partilhar”.
Após o almoço, iniciaram-se as comunicações, as quais transmitiram a realidade da escola representada.
Os temas abordados foram diversos. Destacam-se, no entanto, o Desenvolvimento Sustentável, os Direitos Humanos, o Holocausto, o Diálogo Multicultural, a Solidariedade e o Património Subaquático.
Foram notórios o entusiasmo e o empenho pelo trabalho desenvolvido bem como o espírito de partilha que tão bem caraterizam todos aqueles que pertencem à rede de Escolas Associadas da UNESCO.

terça-feira, 28 de abril de 2015

2015 - Ano Internacional da Luz 

Concurso para a Rede de Escolas Associadas da UNESCO

    O trabalho abaixo apresentado integra-se na categoria 2º e 3º ciclo do Ensino Básico, subordinado ao tema “ Os faróis- a sua importância no desenvolvimento das civilizações” e é da autoria da aluna Rita da Conceição Ramos do 8º ano, turma Bi.
   Lamentamos o facto de ter sido a única concorrente do Agrupamento. Por isso, a Rita está de parabéns!

     Descobertas inesperadas


    
    O dia da partida, em direção à casa de praia do meu avô, amanheceu lindo, o sol brilhava. A luz radiante que este emitia penetrava por entre as janelas transparentes de vidro cristalino, as nuvens espaireciam no céu como penas brancas e suaves, e ouvia-se o chilrear dos passarinhos que voavam rasgando o céu esbelto e azul. 
     Estava a acabar de fazer as malas e arranjar-me para passar umas belas férias, apenas eu e o meu avô, até que alguém interrompe o silêncio com um buzinar, era a minha boleia...
     - Rita, não te demores! Eu combinei com o teu avô que estarias em casa dele antes do almoço! Hmm...e traz-me a garrafa de água, que está em cima do balcão da cozinha, para bebermos durante a viagem... – gritava a minha mãe apressadamente a ver se não nos esquecíamos de nada...
    Durante a nossa viagem de carro não se falou nada de nada, apenas se ouvia a música da rádio a tocar e a voz da minha mãe a sussurrar, pensando para si mesma se iríamos chegar a tempo do almoço. 
    Depois de termos feito muitos quilómetros e algumas paragens, apercebi-me que estávamos a pouco tempo de chegarmos, pois tinha avistado uma placa que dizia “Palmeiras 8 km”. Era a praia onde o meu avô vivia com a minha avó, mas esta já tinha falecido há menos de três meses com leucemia. O tempo passa a voar...mas ainda me lembro do que ela me dizia : “ Vive um dia de cada vez, pois amanhã já não voltarás a vivê-lo”. Ela era uma senhora muito simples, não se importava de usar qualquer trapo,  já que tudo lhe agradava. Eu admirava muito esta minha avó! Tinha resposta para tudo como se soubesse sempre o que lhe iriam dizer. Era ainda uma pessoa muito culta...sabia todos os provérbios que existiam.
     Tínhamos acabado agora mesmo de chegar...tanta preocupação para nada! Era apenas meio dia, a hora em que o meu avô costumava acabar de fazer o almoço e preparar tudo.
      Mal saí do carro, comecei por apreciar aquela linda e doce paisagem que me rodeava...aquele sítio, sim, era o meu lugar favorito,  por isso é que eu gostava tanto de passar férias ali.
       - Vem-me já ajudar com as malas! – ordenou a minha mãe.
         Quando peguei na minha bagagem, reparei que o meu avô olhava pela janela da cozinha para ver se já teríamos chegado. Foi então que lhe comecei a acenar, até que nos avistou e foi abrir a porta.
        Entrei e reparei logo que a casa estava na mesma, não tinha mudado nada desde a última vez que lá estivera. O hall com fotos do meu avô com a avó, outras com eles e os restantes membros da família. A sala, a cozinha e os quartos com aquele cheiro a bafio e a ferrugem de serem antigos, e ainda várias coleções como pinturas, objetos valiosos, ( joias, copos de cristais, discos, livros...) os quais possuíam, por cima deles,  uma grande acumulação de pó...   
      Tínhamos acabado de almoçar todos juntos e a minha mãe já se ia embora para descansar, porque, no dia seguinte,  era dia de trabalho.
     Ficámos apenas nós, eu e o meu avô, no sofá, a ouvir rádio, pois eu sabia que o meu avô detestava ver  televisão...ele sempre foi um homem muito conservador, tal como era a minha avó que gostava de ler um bom livro de poesia e, depois de o ter lido todo, adorava declamá-lo às outras pessoas.
     Quando anoiteceu, a minha mãe telefonou a dizer que a viagem de regresso tinha corrido muito bem. Logo depois fui dar um beijinho de boa noite ao meu avô, pois estava muito cansada da viagem que tinha sido muito longa.
    Mal  me deitara na cama, adormeci que nem um pedra, mas a meio da noite acabei por acordar com o som dos navios que seguiam uma luz branca, forte e cintilante que parecia mover-se e  se encontrava apontada para o mar. Fiquei curiosa, pois nunca tinha visto nada assim.
    Discretamente, vesti-me e calcei-me, mas quando ia a sair, apercebi-me que precisava de uma lanterna, estava demasiado escuro. Então fui buscá-la à garagem, lá sim, deveria haver uma. Entrei  e vi a lanterna que estava em cima de um armário cheio de caixas, por isso peguei no escadote e abri-o para lá chegar. Como já tinha o que queria, fiz-me ao caminho sem que o meu avô soubesse e segui a luz. Quando finalmente me aproximei, reparei que o que me cegava era um farol, cuja luz guiava e orientava todos os barcos que passavam por aquela zona. Este era comprido, possuía umas riscas largas em branco e vermelho, no cimo tinha uma divisão parecida com uma cúpula em vidro, onde se encontrava a tal luz, e, por fim, no cimo de tudo, uma “antena” em forma de “chapéu”. Enquanto o observava atentamente, apercebi-me que na sua lateral se encontrava uma pequena porta. Então, decidi entrar e assustei-me, pois eram dezenas e dezenas de escadas, parecia-me que nunca mais acabavam. Depois de uma breve hesitação, acabei por subi-las, até que, finalmente, cheguei ao compartimento onde se encontrava a grande “lâmpada” que emitia a luz branca. Dali a paisagem do mar era magnífica e conseguiam-se avistar todos os barcos que por ali passavam. Ao olhar para o meu lado direito, vi uma caixa com um livro intitulado “Diário de Alfredo Ramos”. Cheguei à conclusão que era o diário do meu avô dos tempos de marinheiro. Ali estavam descritas todas as suas grandes aventuras que tivera por entre mares, os seus sonhos, as suas dificuldades e obstáculos...  Enquanto desfolhava o livro, uma página deste chamou-me a atenção, lá dizia que o meu avó foi o faroleiro e cuidou daquele  farol ao longo daqueles anos todos.
    Começou a amanhecer e a luz do farol desligou-se. Eu tinha que ir para casa antes que o meu avô acordasse, por isso levei o diário, pois sabia o quanto este deveria ser importante para ele.  Comecei a correr até chegar ao destino.
    Mais tarde, na hora do almoço, perguntei ao meu avô se alguma vez tivera um diário, ele respondeu que sim, mas que já não sabia dele. Mal acabou de dizer estas palavras, entreguei-lho e disse-lhe: “Espero que gostes”. O meu avô muito surpreso agradeceu- me. Passou o resto do dia a falar das suas grandes aventuras e explicou que, desde a Antiguidade, eram acesas fogueiras ou grandes luzes de azeite a servir de faróis e que estes foram concebidos para avisar os navegadores da aproximação de terra, ou de porções de terra, que irrompiam pelo mar adentro.
      As fontes de alimentação da luz foram melhorando, tendo o azeite sido substituído pelo petróleo e pelo gás, e posteriormente, pela eletricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro. Acrescentou ainda que cada farol tem a sua individualidade dada pela luz que emite, pela forma como é transmitida e pelo sinal sonoro difundido.
     Aquelas férias serviram para ficar a conhecer ainda mais o meu avô e   compreender a importância dos faróis para a arte de navegar.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atividades realizadas no 2º período

“ À Descoberta do Outro”

No decurso do segundo período, os alunos do Agrupamento dos 1º, 2º e 3º ciclos abordaram temas relacionados com a cidade do Porto, nomeadamente a origem do seu topónimo, que deu o nome a Portugal, da designação de “ Cidade Invicta”, o início da sua formação, o seu centro histórico, zona classificada pela UNESCO como Património Mundial, e procederam à recolha de lendas do Porto.
Relativamente a Cabo Verde, no estudo efetuado sobre a atividade vulcânica como uma manifestação da dinâmica interna da Terra, os alunos do 7ºano deram especial atenção ao vulcão da Ilha do Fogo, cuja erupção recente provocou enorme destruição, e construíram belos e imaginativos exemplares de vulcões. Os do 9ºano pesquisaram a biografia de alguns poetas desse país.
     Os trabalhos inter/ multidisciplinares realizados sob orientação de alguns professores de Português, História, Ciências Naturais, Educação para a Cidadania e Educação Tecnológica foram expostos na Escola Sede e na Escola Irene Lisboa para dar conhecimento dos mesmos a toda a Comunidades Escolar.





Dia mundial da Poesia – 21 de março

Esta data foi comemorada nos dias 19 e 20, na Escola Irene Lisboa e na Escola Carolina Michaëlis, respetivamente, numa cerimónia organizada conjuntamente pelos docentes de Português e pelas bibliotecárias das duas escolas. Constou, entre outras atividades, da declamação de poemas de autores portugueses e cabo- verdianos.



   Ana Alves


sexta-feira, 6 de março de 2015



    8 de março                                                    





                Ao comemorarmos mais um dia internacional da mulher, perpassam, na nossa memória, alguns nomes de mulheres de várias gerações, portuguesas e estrangeiras, que se destacaram pelo seu espírito de liderança e tenacidade, pela defesa dos direitos das mulheres, pela divulgação da cultura, na luta pela liberdade, e em diversas outras áreas.
 Há muitas outras, anónimas, que sofrem e lutam no seu quotidiano pela sobrevivência. E são todas essas mulheres, que percorrem um caminho árduo e difícil, as destinatárias, neste dia a elas dedicado, da nossa singela homenagem, através de dois poemas, um inédito, escrito por uma mulher a quem a vida tem exigido um fôlego acrescido, e outro bem nosso conhecido.

Ana Alves

Mulher
Mulher deusa e escrava,

Semente de dor e de amor.

Sons melódicos

De fim de tarde,

Indolentes de cansaço,

gritos  guerreiros,

Quando dos seus se trata.

Dela se esquece

E aos outros se engrandece

Imprescindível estrela

Nas noites escuras

Deste caminho……

M. Vilas Boas


Calçada de Carriche

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada. 


Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.


Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada. 
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada


. Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,;
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga
. Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão, in Poesias Completas