Mensagem
da Diretora-Geral da UNESCO
por
ocasião do Dia Internacional da Paz
21
de setembro de 2018
“Não haverá paz neste
planeta enquanto, algures no mundo, os direitos humanos forem violados.”
Neste Dia Internacional
da Paz, as palavras de René Cassin, um dos artesãos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos em 1948, relembram-nos que a paz continua a ser um ideal
inalcançável enquanto os direitos humanos fundamentais não forem respeitados. São,
pois, a condição primordial de uma sociedade pacífica em que a dignidade de
todos os indivíduos é respeitada e onde todos podem usufruir de direitos iguais
e inalienáveis.
Estas palavras também
nos relembram do nosso dever de solidariedade para com os nossos semelhantes; a
paz é imperfeita e frágil se não beneficiar a todos e a todas. Os direitos
humanos ou são universais ou não são. Esta ligação intrínseca entre paz e respeito
pelos direitos fundamentais constitui o tema desta nova edição do Dia
Internacional da Paz, no momento em que se celebra o 70º aniversário da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Os ideais de paz e de
direitos universais são, todos os dias, contestados e violados. Existem vários
obstáculos para a sua realização. A nossa capacidade em edificarmos um mundo
feito de harmonia, de compreensão e de coexistência pacífica é posta à prova
pelos mais diversos desafios: desigualdades sociais e económicas que causam
sofrimento e pobreza; alterações climáticas que geram novos conflitos; explosão
demográfica que cria novas tensões… Por outro lado, propagam-se também novas
formas de populismo e de extremismo em todo o mundo.
Para vencermos estes
desafios, temos de agir de forma coletiva e construir, passo a passo, o
edifício da paz. Este é o objetivo do Programa da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável, que apela a uma ação concertada para alcançarmos
os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, que contribuem para um mundo
mais justo e mais pacífico – luta contra a pobreza, contra a fome, contra as desigualdades
de género, promoção da educação, defesa da justiça, compromisso em favor de um
ambiente saudável...
Todos os dias, a
UNESCO, através dos seus programas e das suas ações no terreno, reafirma o seu
compromisso original, consagrado no seu Ato Constitutivo: erguer os baluartes
da paz no espírito das mulheres e dos homens. Líder da Década Internacional
para a Aproximação das Culturas (2013-2022), a UNESCO investe-se totalmente no
desenvolvimento de uma cultura de prevenção a nível mundial através da
educação, da cooperação internacional e do diálogo intercultural.
O caminho para a paz é
longo, mas cabe a todos e a cada um de nós influenciar o seu rumo ao
comprometermo-nos, diariamente, em prol de uma sociedade mais inclusiva, mais
tolerante e mais justa.
Audrey Azoulay