Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO
por ocasião do
Dia Mundial da Poesia
21 de março de 2019
Agarra a lua
e agarra uma estrela
quando não sabes
quem és
pinta a imagem na tua mão
e regressa a casa
[…]
Alcança a lua
fá-la falar
liberta a sua alma
fá-la andar
pinta a imagem na tua mão
e regressa a casa
Excerto
de “Howlin at the Moon” de Wayne Keon
A poesia, em todas as suas
formas, é uma poderosa ferramenta de diálogo e de aproximação. Expressão íntima
que abre portas aos outros, enriquece o diálogo – fonte de todos os progressos
humanos - e tece laços entre as
culturas.
Neste vigésimo aniversário
do Dia Mundial da Poesia, a UNESCO traz à luz a poesia indígena para celebrar o
papel único e poderoso da poesia na luta contra a marginalização e a injustiça,
e na união das culturas num espírito de solidariedade.
“Howlin
at the Moon”, de Wayne
Keon (membro da Primeira Nação Nipissin, Canadá) evoca a usurpação indevida da
cultura indígena por outras culturas dominantes. Este poema aborda o tema da
perda da identidade nativa devido à sua reinterpretação por forasteiros, independentemente
das suas boas intenções e, por conseguinte, a confusão do próprio autor no que
respeita à sua identidade.
A poesia é importante para
a salvaguarda de línguas frequentemente ameaçadas assim como para a preservação
da diversidade linguística e cultural. Proclamado pela UNESCO como o Ano
Internacional das Línguas Indígenas, o ano de 2019 reafirma o compromisso da
comunidade internacional em ajudar os povos indígenas a protegerem as suas
culturas, os seus conhecimentos e os seus direitos.
Esta designação surge num
momento em que os povos indígenas, assim como as suas línguas e culturas, se
encontram, cada vez mais ameaçados, em particular devido às alterações
climáticas e ao desenvolvimento industrial.
De forma a salvaguardar as
tradições vivas, a UNESCO tem envidado esforços para incluir diversas formas
poéticas na Lista Representativa do Património Imaterial da Humanidade, exemplo
disso são os Cantos Hudhud das Filipinas, a tradição oral do povo de Mapoyo da
Venezuela, a Eshuva, preces cantadas na língua indígena
Harákmbut do Perú e a tradição oral Koogere do Uganda.
Cada género de poesia é
único, mas cada um reflete a universalidade da condição humana, o desejo de
criatividade que atravessa todos os limites e fronteiras do tempo e do espaço,
numa afirmação constante de que a humanidade é uma mesma e única família.
É este o poder da poesia!
Audrey Azoulay